To lá no iglu, tomando um cafézinho só pra esquentar...



Dos três mal amados

Author: Thiago Piazza / Marcadores: ,

Eu to totalmente sem tempo para postar e é até um crime eu postar algo depois daquela perfeição que foi o texto da Gabi para o meu blog... mas ela volta outra vez aqui, em breve, não se preocupem!

Para comemorar o show do Cordel do Fogo Encantado e, ainda "homenagear", um ótimo escritor que foi João Cabral de Melo Neto, vou postar esse texto dele, que o Lirinha (vocalista do Cordel) recita de uma forma espetacular que dá até arrepio (muito embora ele não recitou no show de domingo).

"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas, 
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte"

Dos Três Mal Amados

Chuva, café, metrô e prédios altos (por Gabi Palomino)

Author: Thiago Piazza /

Demorou um tempo, mas a menina arrumou as malas e pegou o avião. Quando chegou no aeroporto da cidade, seu coração batia ansioso, e, como ela previa, seu amigo estava lá, de pé.
Quando ele avistou a menina, um sorriso se abriu no seu rosto, ela largou suas bagagens em qualquer lugar, e saiu correndo para encontrá-lo. Eles se abraçaram como se já se conhecessem há anos, e é claro que quase todas as pessoas olhavam com uma certa rispidez, mas isso pouco importava, afinal, nenhum dos dois costumava se preocupar com o que os outros pensavam.
A partir daí, o amigo levou-a para conhecer sua cidade, eles tiveram momentos felizes, os dias eram chuvosos, e a menina adorava a chuva. Eles tomavam café todos os dias, e ela se sentiu realizada quando tirou uma fotografia com um prédio alto, espelhado (esse talvez fora o prédio mais interessante que ela já tinha visto). Enquanto passeavam de metrô, contavam muitas piadas, riam em alto volume, eram felizes (é claro que as pessoas continuavam olhando).
Mas os dias se passaram, e a menina tinha que voltar. Com a passagem nas mãos, o amigo disse:
- Você está atrasada, vai perder o voo.
Ela pegou aquele papel insignificante e rasgou no meio, e falou em um tom despreocupado:
- E quem disse que eu vou voltar?
E foi assim que comecaram muitos outros passeios com chuva, café, metrô e prédios altos.

Repúdio II (ou o salto)

Author: Thiago Piazza / Marcadores:

Apartamento lindo, grande, moderno, com espaço para o escritório, duas suítes, mas o que mais ebelezava-o era a vista para o mar. Se você se concentrasse, podia até pensar que estava vendo a África do outro lado do vasto oceano azul... afinal, vinte e um andares não é pouco.


- Acho que vai ser lindo, amor, dizia ela, com seu cabelo loiro voando com o vento.
O apartamento, o mar e a África testemunharam muitas noites de amor transbordando.

- Como você pôde fazer isso comigo, Janaina? - ela estava deitada, apenas de calcinha, seios à mostra e o Ricardo, o vizinho ao lado dela, parecendo que via um fantasma.
Ricardo. Vizinho. Tão irônico...

Malas prontas, mas não houve despedida. Ela foi embora, foi ao terminal de ônibus, iria voltar para Curitiba, sua cidade, o Rio era lindo, mas não era dela. Pertencia à ele e ao Ricardo.
Este, que com a vergonha apoiada em suas costas, foi embora para outro lugar em uma semana depois de descoberta a traição de dois anos.
O marido traído ficou no mesmo apartamento, trocou a cama, mas a aliança continuou em seu dedo.
Passa-se mais dois meses da nossa história.

Ele olhava para o mar, tentou se concentrar para ver a África além do Atlântico. Girava a aliança de ouro no dedo. Vinte um andares, aliança, Janaina, África, Atlântico,  cama, apartamento, Ricardo, Atlântico, aliança, moderno, suíte, África, vinte um andares...

A aliança caiu primeiro na calçada, fez aquele barulho de metal caindo. Logo após, ele caiu. Estatelou no chão e fez barulho de osso quebrando. O sangue começou a escorrer pela calçada, o crânio amassado, algumas pessoas chorando, outras assustadas. Se matou, mas isso não vez diferença alguma para o mundo, nem para Janaina, afinal ela estava em Curitiba mesmo... 

Repúdio I (ou o estupro)

Author: Thiago Piazza / Marcadores:

Ela andava, como se o mundo fosse a coisa mais bela e todas as pessoas se amassem, o uniforme da escola dizia tudo: não era maior de idade ainda. Estava no ensino médio, mas tinha um rosto e um corpo belo, que fazia todos os homens que ficam na frente do bar, bebendo cachaça, jogando-a para o santo e olhando as mulheres que passavam pela frente.

Ela sabia que chamava a atenção, e por isso, rebolava ao andar, fazia isso para o seu ego, se soubesse o que aconteceria em breve, não andaria mais daquele jeito.
Alguém saiu do bar e seguiu a menina, até chegar em um lugar mais escuro (já estava ficando noite), puxou-a pelos cabelos e ela tentou gritar, mas ele pôs a mão que sobrou na sua boca, tampando-a:
- Vamô ficar quietinha, nenem, não vou machucar você. Só vou fazer aquilo que você quer.
Foi levantando sua camiseta branca do uniforme escolar e apalpando sua mão esquerda nos peitos, pequenos ainda, dela, enquanto a mão direita ainda segurava sua boca:
- Você gosta que eu faço isso com você, né, princesa? - ela chorava.
 Desceu a mão do sutiã, para a calcinha, numa velocidade sem igual. Abaixou as roupa dela, que tentava lutar para a fuga, mas então, ele deu um soco em seu rosto, que de tão forte a denorteou, porém, não a desacordou, ela ainda conseguia sentir... infelizmente.
Depois, tirou sua própria calça, pôs seu sexo para fora e começou o ato... cheiro de sangue, do soco e do ato, ela era virgem.
Se satisfez de todas as maneiras possíveis e a deixou lá, sem roupa, chorando e machucada. Ela, depois de se recuperar um pouco, foi até um orelhão e ligou para sua mãe, que foi com ela à uma delegacia de polícia. Fez boletim de ocorrência, corpo de delito e todas as burocracias. Visitava psicólogos, até voltar a viver uma vida normal.

A frente do bar, alguns homens estavam conversando, bebendo cachaça e a jogando para o santo, até que uma menina passou por eles, sabia que era boa o suficiente e rebolava, fazia bem para o seu ego...

Puto com o Blogger/Calendário para Maio

Author: Thiago Piazza / Marcadores:

Eu tive que excluir os meus três últimos posts, pois o féla do blogger simplismente não quebrava as minhas linhas e não importava qual diabo de template eu colocasse, dava sempre a mesma coisa! Aí eu cansei. 

Entrei no site donde a Gabizinha (que por sinal deixa saudades no meu blog, né? =/) arranjou o template dela e coloquei esse novo aqui! Espero que gostem desse... é meio cigano, mas é bem legal! 
O que temos pra maio, por enquanto, será uma série nova de contos, de nome Repúdio. Tenho dois contos para essa série, na minha cabeça, mas que ainda não coloquei no computador. 
E, também, teremos a participação especial da Gabi, escrevendo um texto só para o blog, sem ser parceria, imteiro de autoria dela! Espero que gostem... e em breve terão outros escritores aqui também, deixando uma de suas obras aqui!
Desculpem-me a demora, mas já sabem, foi a via sacra pra eu arranjar um template! 

E no momento que eu estiver ausente... (parceria com Alanna Chemas)

Author: Thiago Piazza / Marcadores:

" As lágrimas desciam levemente sobre o rosto aveludado dela. Ele enxugava suas lágrimas com seus proprios dedos, porque ele era muito 'machista' para trazer um pequeno lenço. Ela dizia que sempre vai ama-lo, e ele dizia que iria voltar. Mas quem estaria sendo verdadeiro? Bom, mas sem querer me intrometer na história, vamos continuar.
Seu delicado vestido estava encostado com a roupa formal do rapaz, que segurava seu choro, para fazer sua pose de homem forte da casa.
O dia estava chuvoso, afinal, todos os dias eram chuvoso em Liverpool, mas aquele estava mais cinza do que os outros. Talvez os olhos da pequena Lili que estavam embaçados por causa da ida de John a guerra, estavam fazendo a 'neblina' que ela tanto via. A jovem não entendia porque ele tinha que ir, mas, se dessa palpite ele poderia brigar com ela, por não acreditar na pátria. Porque a menina era da Inglaterra, e John, era dos Estados Unidos, ele precisava ir para o Vietnã, batalhar. E então, em um abraço forte os dois se fizeram uma só sombra, e devagar ,ele cantava uma música em seu ouvido: 
- E no momento que eu estiver longe, eu vou escrever todo dia, e eu vou enviar, todo meu amor, para você... - enviava, de fato, cartas, mas nunca chegavam respostas, poderia ser dificuldades no envio, por causa da guerra. Ou não...
Agora, passaremos quinze anos de nossa história. Os americanos foram massacrados, mas John conseguiu se safar. Quando foi decretado o fim da guerra, ele logo pensou na sua pequena Lili... será que ela se lembraria dele? será que seria mesma de sempre? afinal, passaram-se quinze anos.
Chegou no seu país natal, sua mãe queria vê-lo, tocou a campainha, ela abriu a porta e com um choro, abraçou-o muito forte. Ficou por alguns dias na casa de sua mãe, mas não tardou para ir em busca do seu grande amor. 
Pegou o primeiro voo para Inglaterra, chegou no aeroporto e saltou no táxi: iria, direto, para Liverpool. Iria ver seu grande amor!
Chegando no endereço, tinha um homem de camiseta regata branca, calça preta e um cabelo cortado para o lado. Fumava um cigarro fedorento e estava cortando grama. Poderia ser o jardineiro.
John saiu do carro e perguntou:
- A Lili ainda mora aí?
- Mora sim. O que você quer com ela? Quem é você?
- Eu estive na guerra... prometi que viria. Me chamo John - o cigarro do moço de regata caiu da sua boca. Sua expressão era estupefata. 
- Espere um momento. Vou chamá-la. 
Ele entrou na casa. John ficou esperando nas cerquinhas de madeira, pintadas em escarlate. Ela saiu da porta, suas pernas tremiam (as de John também).
- Eu achei que você tinha morrido na guerra, John.
- Não morri! Estou aqui! Me cuidei lá, pra poder voltar a salvo e te ver! E, aqui estou! Voltei, meu amor!
- Mas John...
- O que foi, amor? Quem é o cara? É o jardineiro?
- Não, John... eu realmente achei que você tinha morrido na guerra... - o senhor de camiseta regata foi chegando perto - esse é o Bob, meu marido.
Sim, marido. A pergunta feita no início do conto pode ser respondida nesse exato momento, Lili não estava sendo verdadeira. Tudo rodava. John não sentiu mais o chão, nem o norte, nem o corpo. Ele só teve força pra falar, em um tom um pouco alto:
- Eu não cheguei aqui para ver essa cena! Não esperei você por quinze anos para isso! Isso não é justo, Lili, você me deixou esperando quinze anos por isso...
- Isso o quê? - perguntou Lili.
- Isso! - ele a beijou na frente do próprio marido dela.
- Você perdeu o juízo, irmão? - perguntou o cara, ele era devidamente forte.

Sim, John perdeu o juízo. E alguns dentes."