E no momento que eu estiver ausente... (parceria com Alanna Chemas)

Author: Thiago Piazza / Marcadores:

" As lágrimas desciam levemente sobre o rosto aveludado dela. Ele enxugava suas lágrimas com seus proprios dedos, porque ele era muito 'machista' para trazer um pequeno lenço. Ela dizia que sempre vai ama-lo, e ele dizia que iria voltar. Mas quem estaria sendo verdadeiro? Bom, mas sem querer me intrometer na história, vamos continuar.
Seu delicado vestido estava encostado com a roupa formal do rapaz, que segurava seu choro, para fazer sua pose de homem forte da casa.
O dia estava chuvoso, afinal, todos os dias eram chuvoso em Liverpool, mas aquele estava mais cinza do que os outros. Talvez os olhos da pequena Lili que estavam embaçados por causa da ida de John a guerra, estavam fazendo a 'neblina' que ela tanto via. A jovem não entendia porque ele tinha que ir, mas, se dessa palpite ele poderia brigar com ela, por não acreditar na pátria. Porque a menina era da Inglaterra, e John, era dos Estados Unidos, ele precisava ir para o Vietnã, batalhar. E então, em um abraço forte os dois se fizeram uma só sombra, e devagar ,ele cantava uma música em seu ouvido: 
- E no momento que eu estiver longe, eu vou escrever todo dia, e eu vou enviar, todo meu amor, para você... - enviava, de fato, cartas, mas nunca chegavam respostas, poderia ser dificuldades no envio, por causa da guerra. Ou não...
Agora, passaremos quinze anos de nossa história. Os americanos foram massacrados, mas John conseguiu se safar. Quando foi decretado o fim da guerra, ele logo pensou na sua pequena Lili... será que ela se lembraria dele? será que seria mesma de sempre? afinal, passaram-se quinze anos.
Chegou no seu país natal, sua mãe queria vê-lo, tocou a campainha, ela abriu a porta e com um choro, abraçou-o muito forte. Ficou por alguns dias na casa de sua mãe, mas não tardou para ir em busca do seu grande amor. 
Pegou o primeiro voo para Inglaterra, chegou no aeroporto e saltou no táxi: iria, direto, para Liverpool. Iria ver seu grande amor!
Chegando no endereço, tinha um homem de camiseta regata branca, calça preta e um cabelo cortado para o lado. Fumava um cigarro fedorento e estava cortando grama. Poderia ser o jardineiro.
John saiu do carro e perguntou:
- A Lili ainda mora aí?
- Mora sim. O que você quer com ela? Quem é você?
- Eu estive na guerra... prometi que viria. Me chamo John - o cigarro do moço de regata caiu da sua boca. Sua expressão era estupefata. 
- Espere um momento. Vou chamá-la. 
Ele entrou na casa. John ficou esperando nas cerquinhas de madeira, pintadas em escarlate. Ela saiu da porta, suas pernas tremiam (as de John também).
- Eu achei que você tinha morrido na guerra, John.
- Não morri! Estou aqui! Me cuidei lá, pra poder voltar a salvo e te ver! E, aqui estou! Voltei, meu amor!
- Mas John...
- O que foi, amor? Quem é o cara? É o jardineiro?
- Não, John... eu realmente achei que você tinha morrido na guerra... - o senhor de camiseta regata foi chegando perto - esse é o Bob, meu marido.
Sim, marido. A pergunta feita no início do conto pode ser respondida nesse exato momento, Lili não estava sendo verdadeira. Tudo rodava. John não sentiu mais o chão, nem o norte, nem o corpo. Ele só teve força pra falar, em um tom um pouco alto:
- Eu não cheguei aqui para ver essa cena! Não esperei você por quinze anos para isso! Isso não é justo, Lili, você me deixou esperando quinze anos por isso...
- Isso o quê? - perguntou Lili.
- Isso! - ele a beijou na frente do próprio marido dela.
- Você perdeu o juízo, irmão? - perguntou o cara, ele era devidamente forte.

Sim, John perdeu o juízo. E alguns dentes."

3 comentários:

ranagar disse...

Poutz! Muito bom, vamos dar continuidade!

Giu Pereira disse...

Hahah adorei :)
Principalmente a ultima frase !
Parabéns pra vcs ! texto mto foda msm!
beijo

claudia disse...

poutz, essa foi a melhor, muito bom!!!!
criativo demaaais!

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